Petrobras – Plano estratégico 2024-2028+

Petrobras – Plano estratégico 2024-2028+

A Petrobras é uma das principais empresas da Bolsa brasileira, mas, apesar da representatividade de suas ações, as incertezas sobre potenciais intervenções do governo nas atividades operacionais, distribuição de proventos e as “danças das cadeiras” na diretoria e conselho, imputam riscos aos futuros resultados, gerando maior desconto no valor da empresa por parte dos investidores, fundos e agências de rating. O que podemos esperar dela para os próximos anos? Nesta semana, analisamos o plano estratégico da empresa e os impactos que isso gerar no mercado.

Em suma, o plano estratégico ficou dentro do que era esperado pelo mercado, reduzindo assim o risco imputado sobre maiores reduções de dividendos e investimentos em CAPEX, reforçando a ampliação da participação do pré-sal na produção total da companhia.

Confira comom vamos abordar este conteúdo:

Investimentos (CAPEX)
Exploração e produção
Produção de óleo, LGN e gás natural
Refino, Transporte e Comercialização (RTC)
Gás & Energia
Ambiental, Social e Governança (ASG)
Principais premissas para a financiabilidade
Comentários e visão da equipe de Research MyCAP para a companhia

Investimentos (CAPEX)



A Petrobras planeja investir US$ 102 bilhões entre 2024 a 2028, um aumento de 31% em relação ao plano anterior. Desse total, US$ 91 bilhões são destinados a projetos em andamento (Carteira em Implantação), enquanto US$ 11 bilhões compreendem projetos em avaliação (Carteira em Avaliação), sujeitos a estudos adicionais de viabilidade.

O segmento de Exploração e Produção (E&P) absorve 72% do investimento total, seguido por Refino, Transporte e Comercialização (RTC) com 16%, Gás e Energia (G&E) e Baixo Carbono com 9%, já o segmento Corporativo representa uma fatia de 3%. Essa alocação reflete o compromisso com a transparência e avanços na governança de aprovação de projetos.

Fonte: Site RI da Petrobras

Exploração e Produção

A Petrobras planeja investir US$ 73 bilhões no segmento de Exploração e Produção (E&P) durante o período de 2024-2028, com cerca de 67% destinados ao pré-sal. Este foco no pré-sal é impulsionado pelo seu diferencial econômico e ambiental, oferecendo produção de óleo de melhor qualidade e menores emissões de gases de efeito estufa. Além disso, o E&P mantém relevância estratégica, concentrando-se em ativos rentáveis, investimentos alinhados à transição energética e projetos de revitalização em águas profundas (REVIT).

No aspecto da exploração, aproximadamente US$ 7,5 bilhões serão alocados (US$ 3,1 bilhões para exploração na Margem Equatorial, US$ 3,1 bilhões destinados à exploração nas Bacias do Sudeste e US$ 1,3 bilhão para outros países) incluindo a perfuração de cerca de 50 poços em várias regiões. O segmento E&P reforça sua resiliência econômica e ambiental, comprometendo-se com uma intensidade de carbono de até 15 KgCO2e por barril até 2030 e apresentando viabilidade em cenários de baixos preços de petróleo, com um Brent de equilíbrio prospectivo de US$ 25 por barril.

Produção de óleo, LGN e gás natural

Período 2024-2028

A Petrobras planeja incorporar 14 novas plataformas (FPSOs) durante este período, sendo 10 já contratadas. Essas construções marcam uma nova geração, mais moderna, tecnológica, eficiente e com menores emissões. A meta é atingir uma produção diária de 3,2 milhões de barris equivalentes de óleo e gás.

Fonte: Site RI da Petrobras

As atividades de Exploração e Produção concentram-se em ativos rentáveis, com o pré-sal representando 79% da produção total da companhia no final do quinquênio.

Projeções para 2024

As projeções de produção de óleo, produção total e comercial de óleo e gás natural para 2024 foram ajustadas, acrescentando aproximadamente 100 mil barris por dia, refletindo o bom desempenho dos campos, previsões de ramp-ups e entrada de novos poços.

Anos de 2025 e 2026

Em 2025 e 2026, a produção de óleo, produção total e comercial de óleo e gás natural estão projetadas abaixo das anteriores, em cerca de 100 mil barris por dia, devido a condições de mercados globais que impactaram cronogramas de alguns projetos complementares de águas profundas. Essas flutuações estão dentro da faixa de incerteza divulgada.

Para 2027
As projeções de produção de óleo, produção total e comercial de óleo e gás natural foram mantidas em relação ao plano anterior.

Margem de Variação

Para o acompanhamento do Plano, considera-se uma margem de variação de 4% (para mais, ou para menos).

Fonte: Site RI da Petrobras

Refino, Transporte e Comercialização (RTC)

O CAPEX do RTC para o período de 2024 a 2028 totaliza US$ 17 bilhões. O segmento mantém foco no aproveitamento eficiente dos ativos de refino e logística, visando aumentar a capacidade de produção de diesel e expandir gradualmente a oferta de produtos para o mercado de baixo carbono.


Investimentos em Refino

O plano prevê um aumento de capacidade de processamento nas refinarias em 225 mil barris por dia (bpd) e na produção de diesel S-10 em mais de 290 mil bpd até 2029. Destacam-se projetos como o Trem 2 da RNEST, Revamps de unidades existentes e implantação de novas unidades de produção de diesel (HDT) em refinarias específicas.

Programa Reftop

O Programa Reftop, ampliado para todo o parque de refino, busca posicionar a Petrobras entre as melhores do mundo em eficiência operacional e energética até 2030.


Biorrefino

Investimentos de US$ 1,5 bilhão estão previstos para suportar o crescimento da capacidade de produção de Diesel R5, com 5% de conteúdo renovável em várias refinarias. A instalação de plantas dedicadas de BioQav e diesel 100% renovável também faz parte do plano da companhia, com conclusão prevista após 2028.


Integração da Cadeia de Valor

O Plano fortalece a Petrobras no mercado brasileiro, integrando a cadeia de valor, desde a produção, refino, logística, até o mercado. Serão investidos US$ 2,1 bilhões em iniciativas para remover gargalos logísticos, incluindo a construção de quatro navios da classe handy.

Petroquímica e Fertilizantes A Petrobras planeja atuar de forma integrada na petroquímica, analisando investimentos em projetos existentes e aquisições. Além disso, marca seu retorno ao segmento de fertilizantes, com planos de retomar a operação da ANSA e concluir as obras da UFN 3 neste PE 2024-2028.

Gás & Energia

O CAPEX destinado à área de Gás & Energia totaliza US$ 3 bilhões para o período do PE, focando na atuação competitiva e integrada no comércio de gás e energia, priorizando o aprimoramento do portfólio e inserção de fontes renováveis, em conjunto com as iniciativas de descarbonização.

Infraestrutura e Oferta de Gás

Uma das principais metas é a expansão da infraestrutura e do portfólio de oferta de gás natural. Com investimentos na base dos US$ 7 bilhões nos próximos cinco anos, a Petrobras planeja aumentar a oferta de gás nacional. Em 2024, o Rota 3 entra em operação, com uma planta de processamento de 21 MMm³/dia e um gasoduto de capacidade de 18 MMm³/dia. Em 2028, o gasoduto do Projeto Raia (BMC-33) inicia suas operações, com capacidade de 16 MMm³/dia, seguido, em 2029, pelo gasoduto do projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP), com capacidade de 18 MMm³/dia.


Ambiental, Social e Governança (ASG)

A Petrobras destaca ainda suas prioridades na esfera Ambiental, Social e de Governança (ASG). O compromisso central inclui a redução da pegada de carbono, a preservação do meio ambiente, o cuidado com as pessoas e a atuação com integridade. A empresa reafirma sua ambição de alcançar “zero fatalidades” e “zero vazamentos”, reiterando seu compromisso inegociável com a preservação da vida e do meio ambiente.

Fonte: Site RI da Petrobras

A Petrobras alocará até US$ 11,5 bilhões para projetos de baixo carbono nos próximos cinco anos, abrangendo investimentos transversais em diversos segmentos de negócios. Essas iniciativas incluem projetos de descarbonização das operações, bem como o desenvolvimento de negócios em energias de baixo carbono, com ênfase em BioRefino, energia eólica, solar, captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) e hidrogênio.

A empresa enfatiza a priorização de parcerias para mitigar riscos e compartilhar aprendizados, focando em projetos rentáveis. Esse investimento representa 11% do total da Petrobras na média projetada para 2024 a 2028, indicando um avanço em comparação com seus pares de mercado, com a expectativa de alcançar 16% em 2028.

Fonte: Site RI da Petrobras

Principais premissas para a financiabilidade

Fonte: Site da RI da Petrobras
Fonte: Site da RI da Petrobras

Comentários e visão da equipe de Research MyCAP para a companhia


Após participarmos da teleconferência em que a companhia divulgou o plano estratégico, detalhamos a seguir nossas percepções:

A companhia mantém seu foco e core na extração de óleo e gás, porém, volta a flertar com projetos de refino, energias renováveis, ampliação da redução de envio de carbono, além da nova política de preços, que visa, segundo a companhia, a redução da volatilidade no preço do combustível gerando maior previsibilidade e melhor métrica de precificação.

Sobre investimentos em exploração e produção da companhia, o segmento se manterá como o principal impulsionador na receita da companhia. Destacamos, entretanto, a expectativa que a participação na matriz energética na categoria renováveis saíra de 16% para 39% e fósseis de 73% para 59%. Isso será possível com maiores investimentos em eólicas on shore e off shore, BioRefino, captura de carbono, hidrogênio verde e energia solar.

Fonte: Webcast – Plano Estratégico 2024-28+

A companhia destaca que tais investimentos e resultados deverão ocorrer até 2050, principalmente via parcerias em projetos, atingindo assim, melhores soluções.

Sobre as inseguranças do mercado em questões de Governança, a empresa fez questão de destacar seu foco na disciplina de capital para produção de óleo e gás crescente, com a integração de sistemas, reforçando, ainda, o controle da alavancagem.

A diretoria reforça também que para que os projetos sejam aprovados é necessário que passem por toda uma diligência, sendo: VPL positivo e TIR adequada, dependendo de onde o investimento será feito, e, ainda, uma taxa mínima de atratividade (ATM).

Assim, em nossa visão, tal métrica deverá girar em torno de 8% (onde a divisão da TIR mínima exigida para cada tipo de unidade de negócios fica, em média, 23% para os negócios de exploração e produção, 14% para refino, transporte e comercialização, e 8% para projetos renováveis como energia eólica e solar. A diferença se dá em função da análise de risco, previsibilidade e retorno.

Adicionalmente, a Petrobras reforçou sua política de fluxo de caixa livre e condições para investimentos em CAPEX e novos investimentos, com a ressalva de que os diretores poderão vetar projetos, e, os mesmos, serão escolhidos por competências curriculares – segundo a Lei das S.A. e das estatais.

Outro ponto a ser destacado é que os projetos de exploração e refino poderão ser feitos no exterior, gerando um desconforto no mercado, já que este tipo de investimento tende a imputar riscos à companhia, em função do histórico não tão positivo acompanhado em outros momentos.

A empresa reforça que investimentos em revitalização geram benefícios de recuperação e redução de uma menor necessidade de paradas de manutenção.

Sobre dividendos extraordinários, lembramos que já há necessidade de requisitos mínimos para serem alcançados, como um caixa mínimo da empresa, controle de endividamento, fluxo de caixa, e dia 30 de novembro de 2023 ocorrerá uma Assembleia Geral extraordinária, AGE, para tratar sobre o assunto.

Lembramos que, apesar do CAPEX futuro de US$ 102 Bilhões, a companhia não tem investido todo o capital anunciado, sendo justificado por questões logísticas de abastecimento de peças.

Por fim, apesar da melhoria da abertura de dados relativos às exigências para a viabilização de projetos, ainda paira uma dúvida sobre qual será, efetivamente, a TIR mínima exigida. Segundo a companhia, o risco poderá ser mitigado em uma nova apresentação ao final de janeiro de 2024, que ocorrerá em Nova Iorque.

Em suma, a empresa possui elevado potencial de redução de custos na extração de óleo e gás, mas, como de praxe, é necessário manter atenção nas possíveis interferências governamentais, que podem provocar redução na rentabilidade, comprometendo assim, tanto o resultado da companhia, como os dividendos a serem distribuídos (ponto de muita discussão no mercado).

Por: Julia Monteiro – Analista Fundamentalista MyCAP


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